O termo "manguezal" é freqüentemente usado para se referir às plantas e à comunidade associada. Esta última é composta de uma ampla gama de organismos pertencentes a diferentes grupos, incluindo bactérias, fungos, microalgas, invertebrados, pássaros e mamíferos. Eles cobrem aproximadamente 60 a 70% da costa tropical e subtropical do planeta; tendo Brasil, Indonésia e Austrália a maior abundância de manguezais.
O total de área de manguezais brasileiros é de 13.400 km2. Os manguezais contribuem para funções ecológicas complexas e a sua manutenção aparece, entretanto, como um desafio de importância econômica para a maioria dos países tropicais. Embora os manguezais sejam protegidos em muitos países, a destruição desses ecossistemas está sendo muito grande. Há ampla evidência para propor uma íntima relação entre microrganismos - nutriente – planta que funciona como um mecanismo para reciclar e conservar nutrientes nesse ecossistema. A comunidade microbiana di versa e altamente produtiva vivendo em manguezais tropicais transforma continuamente nutrientes de vegetação morta em fontes de nitrogênio, fósforo e outros nutrientes que podem ser usados pelas plantas. Em troca, exsudados de raízes servem com fonte de nutrientes para os microrganismos. Embora ecossistemas de manguezais sejam ricos em matéria orgânica eles são deficientes em nutrientes, especialmente nitrogênio e fósforo. A despeito desse fato, os manguezais são altamente produtivos. Em manguezais tropicais, bactérias e fungos constituem 91% da biomassa microbiana total, visto que algas e protozoários representam somente 7% e 2%, respectivamente. Muitos estudos apontam que as interações entre espécies de manguezais e bactérias são benéficas e podem suportar o uso desses organismos como inoculantes para reflorestamento de manguezais, parcialmente ou completamente destruídos. Bactérias solubilizadoras de fosfato, como potenciais supridoras de formas solúveis de fósforo teria grande vantagem para os mangues. As condições geralmente anôxicas dos sedimentos tenderiam a dissolver o fósforo insolúvel por meio da produção de sulfeto. Contudo, dependendo do grau de aeração da rizosfera, as bactérias assumiriam um valor inestimável na solubilização de fosfato próximo às raízes onde sedimentos não são sempre anôxicos. Apesar da importância dos microrganismos, muito pouco da biodiversidade existente é conhecida, tomando imperativa a exploração de microrganismos novos em ecossistemas especiais, como os manguezais, ainda completamente inexplorados no Brasil. Talvez, este nicho possa ser explorado à procura de novas fontes de metabólitos biologicamente ativos.
A versatilidade bioquímica e diversidade biológica de microrganismos de sedimentos, da rizosfera e endofíticos representam uma enorme variedade de genes que são ainda desconhecidos, os quais poderiam apresentar importantes aplicações, particularmente para biorremediação ambiental e para propósitos industriais. O uso de bactérias e fungos abre novas áreas de exploração biotecnológica, que dita a necessidade de isolar, caracterizar e determinar a biodiversidade nos manguezais brasileiros. O projeto propõe, pois, contribuir para o levantamento dos microrganismos presentes nos manguezais brasileiros como também estudar a biodiversidade funcional dos principais grupos e potencial biotecnológico. Nesse sentido, visa-se ao levantamento de microrganismos de sedimentos, da rizosfera e endofíticos de espécies Rhizophora mangle. As coletas deverão ser realizadas em diferentes manguezais, tanto naturais como aqueles impactados pela presença de poluentes xenobióticos, presentes, principalmente, na Bacia Santista. (AU)
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